O NATAL DAS PRISÕES

Perdão e culpa ou vice-versa
Sufoco, inércia e sodomia
Pouco espaço para o bacalhau com couves.

DARWINISMO vs CRIACIONISMO

Ainda estupefacto,
Jorge continua sem entender
Os mecanismos que regem
A Evolução das Espécies.

NATAL DOS BICHOS III

Noite de Cristal

Noite de Cristal

O senhor, deus ....

NATAL DOS BICHOS II

Aníbal exultou de alegria

Aquela prenda permitir-lhe-ia, finalmente,

Cometer o assalto ultra-violento

Com que sempre sonhara.

A escolha do alvo ocuparia o resto da consoada.

NATAL DOS BICHOS

D. Florinda vai apressada na manhã da véspera de Natal

Deixando os filhinhos, remelosos e chorincas,

Num buraquinho infecto do 3º esquerdo

Da urbanização construida a preços controlados

Para esconder dos olhos dos outros

Os escolhos da democracia.

O bolo-rei é mais barato no Mini-Dia.

CONTA-GOTAS

Asdrúbal, funcionário público sempre inquieto,

Aguarda a reforma impacientemente

Com a mesma fé do condenado à espera do indulto.

Afinal de contas, uma maratona de trabalho merece

Uma ponta final de descanso

A caminho da morte.

TEATRINHO NACIONAL

Andamos todos a fingir

Que a realidade

É apenas fingimento.

ESFAQUEAMENTOS PELA MANHÃ

As histórias terríveis

que o quotidiano nos reserva.

(feito após a leitura de uma notícia sobre os esfaqueamentos

na 5 de Outubro)

O SER E O TER

Osvaldo desejava

ter tudo aquilo

de que precisava

para não deixar de ser

apenas mais um entre todos os outros.

Nunca lhe passou pela cabeça,

inebriado que estava,

fazer fosse o que fosse para contrariar tal impulso.